PARAÍSO de Grace Gianoukas > matérias



Jornal da Tarde - SP Variedades
Segunda-feira, 29 de novembro de 1999




Atriz leva a mulher comum ao "Paraíso" no N.Ex.T. A comediante gaúcha Grace Giannoukas, membro da contracultura paulistana, mostra na sala da Rego Freitas seu primeiro texto teatral sobre o cotidiano feminino


A rotina do cotidiano da vida de uma mulher nada notável. Difícil haver algo mais insosso. Pois bem, uma determinada mulher enfrenta esse dia-a-dia de moro surpreendente. Por meio do humor vai descobrir que a massacrante sucessão de gestos cotidianos e banais da vida pode se transformar em um Paraíso. A maneira pela qual ela chega a essa descoberta é o assunto do primeiro texto teatral escrito pela atriz gaúcha Grace Giannoukas. A peça entra em cartaz hoje, no Núcleo Experimental de Teatro, e permanecerá em cartaz apenas às segundas-feiras, até 20 de dezembro.

Grace, que está em São Paulo desde meados dos anos 80, é uma legítima filha do Off, o célebre espaço cultural que foi animado por Celso Curi até o início dos anos 90. Foi na pequena casa de espetáculos R. Romilda Margarida Gabriel que Grace Giannoukas apareceu, ao lado de parceiros hilariantes: sua conterrânea Ângela Dip e Marcelo Mansfield.

Estréia

Grace atuou com eles no grupo Harpias e Ogros. Embora ela tenha levado para o palco seus improvisos em peças como Pequeno Grande Ponei e Não Quero Droga Nenhuma, considera que Paraíso é de fato seu "primeiro texto". Fala na peça "da lealdade aos objetos escolhidos do coração, da descoberta da felicidade através do entendimento da passagem do tempo".

Paraíso não marca só a estréia de Grace Giannoukas como autora, mas ainda a de Luciene Adami na direção teatral. Grace foi uma figura marcante na história da contracultura teatral paulistana. Participou de montagens nas quais articulou-se uma resposta local ao besteirol carioca, entre elas As Gôndolas do Tietê e Carroça Sem Rumo.

Também foi uma das inventoras, ao lado de Ângela Dip e Marcelo Mansfield, do prêmio Crème de la Crème, que durante quatro anos, em fins da década passada, foi atribuído aos melhores e piores do teatro. A última peça de que Grace participou antes de Paraíso foi Além do Universo, com que o grupo XPTO no primeiro semestre comemorou seus 20 anos. Agora Grace está de volta aos seus tipos únicos.